(...) “Se eu morrer muito novo, oiçam isto:

Nunca fui senão uma criança que brincava.

Fui gentil como o Sol e a Água,

De uma religião Universal que só os homens não têm.

Fui feliz porque não perdi coisa nenhuma,

Nem procurei achar nada,

Nem achei que houvesse mais explicação

Que a palavra explicação não ter sentido nenhum”. (...)

F.P. Alberto Caeiro




BlogZine..... Poemas, Devaneios e Contos...


"Há uma coisa tão inevitável quanto a morte: a vida."



...E na osmose que ocorre entre a Divindade e o seguidor, nasce a mosca Varejeira que possou em todo Amor!



“Ou eu encanto a vida
Ou desencanto a morte...


"Todos somos fanáticos para tanto basta que alguém arranhe uma de nossas crenças. "

AMORAL ARNARKIKO PUNK DRUNK ANT TUDO

A felicidade é minha fantasia favorita!




...Fodam-se! Enquanto podem





NO PROFIT!

"O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião"



Caso encontre algum erro, aprenda com ele!





"Viver para o nada! ...e negar! a vida

sábado, 21 de agosto de 2010

MEU SERTÃO SERTANEJO


E aí cabras da peste,
Twiteiros de valor,
Vocês conhecem o sertão?
Vcs conhecem o sabor,
De um pôr-de-sol sertanejo
Da caatinga sem flor?

Vcs já viram as veredas
Q atravessam o sertão?
Parecem mais as artérias
Q enlaçam meu coração
Pisadas pela saudade.
Um gado sem compaixão...

Quem não conhece o sertão
Não sabe o q está perdendo.
É ele a inspiração
Deste q está escrevendo.
Moro nesta capital
Mas é lá q estou vivendo.

Na terrinha sertaneja
Nós somos fauna e flora.
O humano se confunde
Com o florescer da aurora.
Ser bucólico e sereno
É a relva q vigora.

Manoel Messias Belizario Neto

(ontem no twitter, siga @cordelparaiba)

Imagem: http://lh5.ggpht.com/vantaspaint/R87FfcWBIWI/AAAAAAAAAuM/x5c2ufODfcw/s400/caatinga%25201%5B1%5D.jpg

PEDAÇOS DE SILÊNCIO


Este silêncio noturno
Esconde a nau da saudade
Que atraca no cais da memória
Logo o porto-peito invade
A certeza que o passado
Perdeu-se na tempestade.

Vai silêncio buscar longe
Lá nas águas do passado
Minha ilusão perdida
Na infância do roçado.
Meus açudes minhas grotas
O meu aboio, meu gado.

Dorme casinha de taipa,
Casinha da liberdade...
Caiu no meio real
Estás em pé de verdade
Nos pedestais da lembrança
No labutar da saudade.

Dorme pequeno casebre
Dorme em meu coração.
Tuas paredes de barro
De poucos chamam atenção
Só de mim q sou teu dono
Q te ergui neste sertão.

Dorme Lages, Sítio Lages,
Dorme nesta escuridão...
No lugar onde habitei
Sei que só resta o torrão
De minha casa de taipa
Tristonha na solidão...


Manoel Messias Belizario Neto on twitter

Imagens
http://portalcabo.com.br/wp-content/uploads/2009/09/silencio-do-Portal-Cabo.jpg
http://jornale.com.br/wicca/wp-content/uploads/2010/02/fuseli-silencio4.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLow1Dr3fo7Ha7z_6xMV9p_EWuXASucUNtPNnU71rnr1WLGB7Jv6s3xpPxGRIc8hq8GmfRkZeUbva12i_AQA5ZWaqno-1_YU-uZiSO3sUvuOyzD9rGyshfb4FPCL9OKoEz65a4yJF7-Rvc/s400/Luar%2520Da%2525%5B1%5D.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9ouPELoq7vCxEj0-EyrOX2CqHVRhXWdSJNeV4Ja2kUZD0svHkxAfIUc6jrReS2q69F04FXVtopSMYdZpS57FKHwdqF_04cpSjVLe28sYpn-VtvVDRiSHwgOBs091NllEyvg7DM2xagj0/s692/DSCF0923.JPG

domingo, 15 de agosto de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

Patativa do Assaré




PATATIVA DO ASSARÉ NÃO ERA ANALFABETO

Há alguns posts passados, mencionei aqui que
o poeta Arievaldo Viana teria dito em entrevista que Patativa não era analfabeto. Hoje, trago trecho do livro CORDÉIS, de Patativa do Assaré, o qual é iniciado com um texto de Luiz Tavares Júnior – professor do Curso de Mestrado em Letras da Universidade Federal do Ceará – no qual o autor confirma essa afirmação de Arievaldo:

“Embora sua instrução formal tenha sido muito diminuta, seu contato com os livros foi constante e permanente, tendo convivido intensamente com a poesia de Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Castro Alves e a prosa de Coelho Neto, como afirma Luzanira Rego, a partir de uma visita à casa do poeta, ao se deparar com os livros desses escritores; e Rosemberg Cariry vai um pouco mais além, ao enunciar: ‘Patativa é homem que sabe ler, de muitas leituras e informações sobre o que acontece no mundo (...). Basta dizer que, mesmo quando Patativa era violeiro e encantava os sertões com o som de sua viola e a beleza de seus versos de repente, já estudava o tratado de versificação de Guimarães Passos e Olavo Bilac e lia Os Lusíadas’. Em face dessas afirmações e, se acrescentarmos que, de fato, estamos diante de uma pessoa de inteligência invulgar e espantosa memória, como sempre afirmam seus biógrafos, haveremos facilmente de compreender a grandiosidade de seu engenho e arte no manejo do verso e na criação de sua poesia, atestado por quantos se aproximam de sua obra, aqui, no Brasil, como no estrangeiro”.

Percebe-se, portanto, que Patativa agia deliberadamente quando escrevia na forma matuta presente em Aos Poetas Clássicos:

Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.

O fato é que Patativa foi realmente um fenômeno, desses que aparecem a cada século, quando muito. Basta fazer uma pesquisa com o nome “Patativa do Assaré” no Google para ver a imensa quantidade de páginas que se dedicam a ele. Eu, aliás, fiz isso hoje, e achei coisas interessantíssimas, como, por exemplo, o estudo
“Relações entre Estética, Hermenêutica, Religião e Arte”, de Cristiane Moreira Cobra.
Também encontrei o divertido poema da Prefeitura sem Prefeito:

PREFEITURA SEM PREFEITO
Nessa vida atroz e dura
Tudo pode acontecer
Muito breve há de se ver
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fica satisfeito
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré
Prefeitura sem prefeito.

Por não ter literatura,
Nunca pude discernir
Se poderá existir
Prefeito sem prefeitura.
Porém, mesmo sem leitura,
Sem nenhum curso ter feito,
Eu conheço do direito
E sem lição de ninguém
Descobri onde é que tem
Prefeitura sem prefeito.
Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
Um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu este sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.

Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
Um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.

A sua morte, em 08 de julho de 2002, deixou órfãos todos os poetas populares do Brasil. O poeta cearense Dideus Sales, em seu livro Veredas de Sol, retrata bem esse sentimento, no poema:

O VÔO DO PATATIVA

O sertão está de luto,
Sem sinfonia a aurora,
Pois a ave que cantava
O povo, a fauna e a flora
Sem sequer nos dar adeus
Alçou vôo e foi embora.

Calejado pelos anos,
Com noventa e três de idade
Mas com plena lucidez,
Muita sensibilidade.
Sua ausência nos cobriu
Com o véu frio da saudade.

Deu voz a uma lçegião
De rurícolas sem clareza;
Até falando em desgraça,
Seu canto tinha beleza
Porque recebeu as aulas
Do Mestre da natureza.

Sua poesia jorrou
Na viola e no repente,
Cantou saudade e tristeza
Miséria, seca e enchente.
Sua obra o transformou
Num símbolo da nossa gente.

Puro e simples como a flor,
Um gênio da raça humana,
Viveu como lavrador,
Morando numa choupana
Plantando e colhendo versos
Lá na terra de Santana.

Mesmo sem ter estudado
Não se fez ignorante,
Nutria um amor telúrico
Por seu torrão escaldante
Onde fez Triste Partida
A saga do retirante.

Sempre lutou para o povo
Não ser massa de manobra,
Teve humildade em excesso
Teve inspiração de sobra.
Não há quem saiba estimar
O valor de sua obra.

Mais que um poeta-maior
Um vate fenomenal,
Poesia genuína,
Improviso natural
Fazia das rimas arma
Na defesa social.

Cantou nossa gente simples
Do sertão com maestria;
Defendendo as injustiças,
Protestando a covardia,
Sua arma era o verso,
Munição, a poesia.

Guardo viva a sua imagem
Fazendo versos com esmero,
Glosando com muita prática,
Rimando sem exagero
Que da poética matuta
Só ele tinha o tempero.

Sua mensagem profética
Encheu o sertão de amor,
Sua genialidade
Trouxe a lume o seu valor,
O sertão chora a saudade
Do seu eterno cantor.

Voa, Patativa, voa
Para o céu de Jeová.
Vou ficando por aqui
Poetizando o Ceará.
Você no céu, eu na terra,
Cante lá que eu canto cá.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sobre o Poeta Zé Limeira





Zé Limeira, con
hecido como “O Poeta do Absurdo”, nasceu no sitio Tauá, na Serra do Teixeira, estado da Paraíba, no ano de 1886, onde faleceu, no Natal de 1954. Foi o repentista mais mitológico do Brasil.
Os temas que abordava em suas poesias e repentes eram variados e chegavam, muitas vezes, ao delírio. Limeira ficou conhecido por suas distorções históricas, poesias recheadas de surrealismo e nonsense e por neologismos (invenção de palavras) esdrúxulos que criava. Vestia-se de forma berrante, com enormes óculos escuros e anéis em todos os dedos e saía pelos caminhos de sua vida, cantando e versando.
Infelizmente, não há registro de sua voz. Fitas de pesquisadores que gravaram algumas de suas pelejas sumiram ou se deterioraram.
Se tão pouco se sabe sobre sua vida, sobre sua morte sabe-se menos ainda. Eis aqui a história, registro único que encontramos, nos escritos de Orlando Tejo:

“Depois de peregrinações pelas Alagoas, Pernambuco, Ceará e Paraíba, o velho poeta sentiu vontade de voltar para casa, no sítio Tauá, na serra do Teixeira. Saudades de Dona Bela, sua esposa e de suas filhas. No Natal de 1.954, chega, de volta à casa. E, para comemorar a Festa Cristã e a sua volta, faz-se, logo, uma Cantoria. Podia ser diferente?
A festa, no terreiro dos Limeira, começa. Inicia-se uma peleja entre o repentista Bentivi e o dono da casa.
Num intervalo da cantoria uma comadre lhe pede que cante “O Romance da Pavoa Devoradora”. Limeira explica que só pode cantar depois da meia-noite sob pena de cantar antes e morrer. A audiência insiste e Limeira, quebrando o preceito, diz que vai cantar.
Após solicitar um silêncio total, fere as doze cordas de sua viola e canta as sinistras e pestilentas estrofes do poema.
Assim que termina a cantoria, põe sua viola sobre uma cadeira. O instrumento cai. Sua mulher estranha. Lá pelas três horas da manhã, Limeira cai fulminado. Vai ao chão com viola e tudo e assim “sai da vida para entrar na história” o mais tropicalista e surreal dos poetas brasileiros.”

Afirma Orlando Tejo que tal relato é absolutamente verdadeiro!